sexta-feira, 8 de abril de 2011

Brindemos à Vida.

Eu estava quase dormindo quando ele entrou numa daquelas estações de metrô meio desertas depois das dez, onze horas da noite. Ponte Pequena, Tiradentes, Luz, nunca vou saber qual, nunca vou saber de onde veio, naquela vez e em todas as outras. No vagão vazio, apenas eu sentado num canto, a mochila entre as pernas, morto de sono depois de mais uma daquela viagens de ônibus ao Rio de Janeiro, ele podia ter sentado. Foi assim que pensei quando a porta se abriu e entrou alguém que eu ainda não sabia que era ele, e não abri os olhos, porque não valia a pena, eu não procurava ninguém, naquele tempo. Pedro não sentou, embora todos os lugares, a não ser o meu, estivessem vazios. Ficou parado à minha frente, a mochila exatamente entre seus dois pés abertos. E seus pés, em sentido oposto, quase colado nos meus, ridículos, malucos Como se dançássemos, dois homens estranhos e sozinhos, no vagão do último metrô.(...)Devia ser sábado, passava da meia-noite.Ele sorriu para mim. E perguntou:− Você vai para a Liberdade?− Não, eu vou para o Paraíso. Ele sentou-se ao meu lado. E disse.− Então eu vou com você."

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